sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O bom exemplo do pragmatismo francês.

Ontem decorreu uma conferencia na Casa da Música sobre a evolução dos valores e comportamentos da sociedade francesa vis a vis a portuguesa com 2 excecionais Prof. Sociólogos, o nosso António Barreto e o francês Pierre Brechon.

Este último disse algo muito interessante: os franceses nos últimos 30 anos têm vindo a perder confiança nos partidos e políticos (como nós), mas ganharam interesse pela política, em especial os jovens (têm níveis mais elevados de formação que há 30 anos, o que lhes permite compreender e discutir os assuntos públicos), e mais interessante, participam e votam massivamente se a eleição pode ser útil para escolher um melhor político ou quem  mais de identificam,  ou para afastar um incompetente ou com quem não se identificam.

Votam cada vez menos por ideologia ou dever, mas sim para fazer escolhas concretas se estas são na sua opinião importantes para o país.

O pragmatismo dos franceses de querer ter o poder de escolher revelou-se recentemente nas ultimas presidenciais (com mais de 80% de participação) e ainda mais quando pela primeira vez puderam votar  numas eleições internas de um partido, as primárias do  PS Francês para escolha de quem iria ser o candidato (há menos de um ano) : 3 milhões de franceses votaram nessas eleicoes primárias, quando este partido só tem 150.000 militantes!

Em suma, não gostam dos partidos nem dos políticos, mas votam (até em eleições internas de um partido) porque sabem que podem fazer escolhas importantes, nem que seja, afastar o menos mau.

Será que nós portugueses seremos algum dia igualmente pragmáticos na relação com os partidos? A qualidade da nossa democracia depende desse pragmatismo.


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