terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um "side project" para fazer uma revolução na participação política da minha geração

versão em português do texto publicado no blog http://onthesideproject.tumblr.com/. Um obrigado ao Anibal Oliveira por ter insistido para escrever para o seu site. 

Porque é que alguém aos 38 anos, com uma vida profissional recompensadora e desafiante, com uma família a crescer, muito pouco tempo livre para os pequenos prazeres da vida, chega a conclusão que tem de se filiar e participar num partido?

Vou tentar explicar o que me aconteceu.

Conclui o meu curso em Gestão em 1994. Estudei um ano como Erasmus na Bélgica quando ainda não havia Internet nem telemóveis, mas de resto, fui um aluno como todos os outros: algum estudo, muita festa, algum jeito para safar-me nas notas e grandes amizades que hoje perduram.

A minha geração teve a sorte de chegar ao mercado de trabalho na primeira metade dos anos 90, quando a economia crescia, havia muito investimento, as grandes empresas apostavam em renovar os seus quadros, desemprego era uma raridade, arranjar um bom emprego era fácil. Com  2 ou 3 anos de experiencia profissional já se auferia um bom ordenado. A vida oferecia-nos todas as oportunidades e o futuro só podia ser ainda melhor. Portugal era um caso de sucesso.

Depois veio o novo milénio, o crash das dot-com,  o “país de tanga” e o clima arrefeceu. O futuro já não seria muito melhor (pelo menos num futuro próximo) mas a minha geração estava bem instalada: bons empregos, casa comprada com um crédito de spread muito baixo, poder de compra muito razoável. É certo que a vida profissional já não seria sempre a subir, mas estava num plano muito confortável e seguro para grande parte de nós. De certa forma, essa acalmia profissional até nos permitiu dedicar mais tempo à família, ao desporto, aos hobbies e também ao acompanhamento da política. Ficamos mais atentos, críticos, exigentes. Os partidos, os políticos, a governação, os “casos” passaram a fazer parte das conversas nos jantar com os amigos, na copa do escritório, nos Emails e mais recentemente, nas discussões nas redes sociais.

E foi nessa altura que reparei em duas coisas que começaram a deixar-me desconfortável.

Em primeiro lugar, a geração dez anos mais nova que a minha estava a encontrar muito mais dificuldades no seu início de vida profissional: muito menos oportunidades de trabalho e de pior qualidade, condições remuneratórias inferiores às que a minha geração teve 10 anos antes (mesmo em termos absolutos), trabalho precário, muito mais desemprego. Pela primeira vez na história recente de Portugal, uma nova geração não estava a ter as mesmas oportunidades que as gerações mais velhas tiveram, bem pelo contrário, muito piores. Sentia que tinha alguma responsabilidade nisso.

Em segundo lugar, a minha geração que passou a ser muito crítica sobre a classe política que tinha conduzido o país nos últimos 10 a 15 anos ao impasse em que nos encontrávamos (e que em grande parte tinha sido previso), era incapaz de reconhecer em si qualquer responsabilidade pela escolha desses mesmos políticos e governantes, ou reconhecer responsabilidade pela passividade com que aceitaram tudo o que estes tinham feito de errado.

Por outras palavras, a geração mais bem preparada e educada que Portugal alguma vez teve, a minha, desresponsabilizava-se totalmente pelas escolhas que em democracia, cabem exclusivamente aos cidadãos: a eleição e escrutínio da classe política seja dentro partidos, seja nas eleições nacionais.

Eu era mais um desta geração de sucesso, consumista, passiva politicamente, que beneficiou do alargamento massivo do ensino superior desde os anos 80, que ganhou muito com o progresso do país nos anos 90, e que agora, apenas se limitava a queixar…

Senti um imperativo de fazer alguma coisa para mudar este estado de coisas.

Durante 2 anos falei com muita gente sobre este tema e apresentei uma proposta de ação: temos de entrar nos partidos em que votamos, passar a escrutinar a ação dos seus políticos, apoiar os mais capazes, censurar os abusos e votar nas eleições internas para eleger os melhores.

Em Dezembro de 2010 comecei finalmente a implementar o que andava há muito a pensar: filiei-me num partido (o PS) e com um amigo do PSD (Carlos Macedo e Cunha), fundei o movimento Adere, vota e intervém dentro de um partido. Cidadania para a mudança que tem por missão convencer os cidadãos a aderir, intervir e votar num partido político, transformando-os por dentro naquilo que desejamos que sejam.
Finalmente o meu “On Side Project” era realidade. Era preciso agora levar a ideia do movimento a todos os cidadãos.

Comecei pelo óbvio: criar um site/blog e escrever a vários jornais apresentando o movimento.
Apenas um jornal publicou um pequeno artigo sem qualquer repercussão. Criei também um grupo na Facebook, que na altura tinha 300.000 portugueses registados. Felizmente em poucos meses esse número multiplicaria por 10. Escrevi e discuti muito no blog e facebook, mas rapidamente conclui que a Internet é insuficiente para credibilizar e levar uma ideia a muita gente.

Foi nessa altura que descobri as conferências Ignite Portugal: 20 speakers quem em 5 minutos apresentam as suas ideias, em 20 slides que passam de 15 em 15 segundos. Candidatei-me a speaker e fui escolhido.
Foi um momento único para mim: pela primeira vez na minha vida, apresentei para um plateia de 300 pessoas uma ideia em que acreditava com toda a convicção e razão, mas que sabia que era estranha à forma de pensar da maioria das pessoas. Apesar do meu jeito um pouco inexperiente, tive uma forte ovação no final e muita gente veio ter comigo no final.

No dia seguinte, o grupo Facebook crescia e a ideia espalhava-se. O movimento tinha deixado de ser apenas virtual, chegado a muitas centenas mais de pessoas. Pouco tempo depois falaria no TEDx Lisboa e era entrevistado para o Expresso.

Passaram-se quase 4 anos desde o arranque do movimento. Escrevemos e falamos em muito fóruns. Temos um grupo com mais de quatro mil participantes. Algumas centenas de pessoas já aderiram aos partidos em que votavam. Mas a maioria, apesar de se rever na ideia da participação nos partidos como caminho para uma cidadania com poder de mudança, mantêm-se presos à passividade.

Mas estamos só no início. Queremos mudar o país, a nossa democracia, e a forma com as gerações mais bem preparadas deste país, vêm o seu papel na política e atuam dentro do sistema para moldar o nosso futuro coletivo. Vai demorar algum tempo, mas vamos conseguir, porque tem de ser.

Vamos a isto?

João Nogueira Santos 

domingo, 6 de outubro de 2013

A maior vitória de Rui Moreira, que está para vir

Há 30 anos atrás, um grupo relevante de cidadãos, descontentes com os partidos decidiu avançar e criar um novo partido, o PRD, que nas suas primeiras eleições 18% dos votos e elegeu 45 deputados. Um notável feito na nossa democracia que alterou o jogo político nesses anos.

Hoje, o nível de descontentamento com os partidos é drasticamente superior, há um sentimento de que os atuais partidos são incapazes de se renovar, a sociedade civil tem expressado das mais variadas formas o seu descontentamento e urgencia de mudança. 

E no entanto... esta sociedade civil tem-se revelado no essencial "bloqueada", pois não acredita no  papel que pode desempenhar na regeneração dos nossos nossos principais partidos (em que vota e financia com os seus impostos), como também não foi ainda capaz congregar a vontade de 50 a 100 dos seus elementos mais relevantes, para criar um novo partido capaz de emergir no nosso sistema político.

Pode ser que a vitória de Rui Moreira no Porto, seja percebida pelos membros mais relevantes da nossa sociedade civil, e todos os cidadãos que querem ser parte da solução, que é possível em democracia a mudança no nosso sistema político central (os partidos políticos que concorrem nas legislativas), seja forçando a mudança dos atuais partidos, seja criando um novo partido que concorra contra os atuais, de igual para igual, tal como fez a candidatura de Rui Moreira.

Essa seria a maior vitória de Rui Moreira. Vamos lutar por ela?

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O equivoco de Rui Moreira e da sociedade civil

"O equívoco de Rui Moreira e da Sociedade Civil é não perceberem que é a própria sociedade civil ao manter-se fora dos partidos que impossibilita qualquer possibilidade de renovação dos mesmos (...)

Para mudar os partidos e a política em Portugal para melhor, é fundamental acabar com este equívoco."

Artigo de opinião de João Nogueira Santos e Carlos Macedo E Cunha no Público.pt de hoje

http://www.publico.pt/politica/noticia/o-equivoco-de-rui-moreira-e-da-sociedade-civil-1607597

domingo, 29 de setembro de 2013

"Don't vote" by Spielberg

"Don't vote!" Se conhecem malta jovem que acha que votar não serve para nada e estão a pensar em não votar, partilhem com eles este genial vídeo do Spielberg e amigos.

domingo, 8 de setembro de 2013

"Se não formos nós...." Pedro Lomba in Público

"Se não formos nós a ir para a política (ou partidos acrescentamos nós) isto fica entregue a pessoas pouco recomendáveis"

Pedro Lomba explica-se porque entrou no sistema. Nós aplaudimos, e acrescentamos, não é tanto coragem  que é necessária, é sim coerência com os nossos valores democráticos e patriotas. Se acreditamos na democracia e queremos o melhor para Portugal, temos a obrigação moral de nos empenhamos e dar o nosso contributo, mesmo sabendo que tal nos retira da nossa zona de conforto.



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Se a sociedade civil está insatisfeita com os partidos, deve inscrever-se neles para os mudar por dentro

O que é que os portugueses podem fazer?  Perguntou Fatima Campos Ferreira ao General Ramalho Eanes. A resposta foi taxativa:

"Se a sociedade civil está insatisfeita com os partidos, deve inscrever-se neles para os mudar por dentro (...) Esta é uma responsabilidade que cabe a todos!"

Uma mensagem que deveria ser vista por toda a Sociedade Civil



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Papa Francisco "Temos de nos meter na política porque a política é uma das formas mais altas de caridade"

«Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, cristãos, não podemos fazer de Pilatos, lavar as mãos. Não podemos! Temos de nos meter na política porque a política é uma das formas mais altas de caridade. Porque procura o bem comum. Os cristãos leigos devem trabalhar na política. (...)

A política é demasiado suja. Mas eu pergunto-me: "é suja porquê?". É suja porque os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico?... É uma pergunta que te deixo. É fácil dizer que a culpa é daquele... Mas eu, o que faço?... É um dever! Trabalhar para o bem comum é um dever de um cristão.»

Papa Francisco 7 de Junho 2013

Esperemos que em Portugal este mensagem seja difundida milhares de vezes pelos nossos padres e ilustres líderes da nossa igreja. É uma mensagem fundamental para o futuro da democracia e de todos os cidadãos.

Partilhem este video. A mensagem não podia ser mais clara


domingo, 7 de julho de 2013

O problema do regime e o papel dos cidadãos. Artigo de Paulo Trigo Pereira no Público


Obrigatório ler o artigo que hoje Paulo Trigo Pereira assina no Público, em que explica a natureza da crise desta semana, O PROBLEMA que está por detrás desta e das futuras crises que se seguirão brevemente se o problema não for resolvido, e qual o PAPEL DOS CIDADÃOS na resolução do problema. (de seguida o resumo-excerto do artigo

 "A crise política desta semana não foi mais que um epifenómeno da crise de regime que estamos a viver. Haverá outras crises com este governo remodelado e com outro que lhe suceda, com e sem eleições.  Sofrerão uma erosão
política e social semelhante se não conseguirem responder ao problema orçamental do regime. (...) este problema pode ser enunciado do seguinte modo:
Portugal não tem, nem terá próximamente, crescimento económico que sustente simultaneamente o Estado Social, tal como hoje ele existe, a regionalização e municipilização, no figurino actual, os juros da divida pública, os ecargos com as PPPs e um sector empresarial que se mantém deficitário.

As receitas, sobretudo fiscais, são insuficientes  para o conjunto das responsabilidades assumidas. A manutenção de défices elevados acrescentam ano após ano, a dimensão da nossa dívida pública (...), de modo que não só transferimos para o exterior cada vez uma maior parte da nossa riqueza criada, com o regresso aos mercados e financiar a nossa dívida se tornarão cada vez mais difíceis. (...)

Quanto mais adiarmos a solução do problema, mais provável se tornará a incapacidade de honrar os nossos compromissos e a inevitabilidade da saída do euro, resposta de último recurso para a crise actual (...)

Este é O PROBLEMA nacional, que não é de fácil resolução, e que exige UMA RESPOSTA adequada DE QUEM NOS GOVERNA  e DE QUEM SE APRESENTA COMO ALTERNATIVA (...)

A questão que se coloca é O QUE FAZER, para além de vituperar contra a fraca qualidade de alguns dos nossos políticos(...) de natureza mais estrutural:

Primeiro,  um maior "envolvimento cidadão" dos actuais militantes na transformação dos respectivos partidos e do funcionamento do sistema político.

A segunda é a criação de um novo partido político (...) novo na sua forma de funcionamento, na forma de escolha dos líderes e candidatos a lugares públicos, na sua capacidade de formulação de políticas tecnicamente sustentadas, na capacidade de perceber a política como um espaço de conflito, compromisso e cooperação, e não apenas conflito.

A terceira, é a criação de espaços de deliberação pública, reunindo pessoas de diferentes áreas que pensam de forma independente e tecnicamente sustentada, cuja produção seja acessível aos cidadãos em geral sobre as possíveis soluções para o país, fazendo a ponte entre o que se estuda e a acção política."
Paulo Trigo Pereira, Público 7 Julho 2013

Esperamos que possamos contar com Paulo Trigo Pereira e muito outros cidadãos capazes de transformar a política, não só no estudo e esclarecimento dos cidadãos, mas também, na acção política, num novo ou já existente partido político. Porque a transformação dos partidos e do sistema político, precisa destes novos protagonistas dentro do terreno político-partidário. É lá que o mais importante para o país se decide, como se viu esta semana.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Next Left e Movimentos Sociais: Quem sai mais a perder quandos os cidadãos se colocam de fora dos partidos?

Deixo aqui o link da minha intervenção na Conferência "Next Left e os movimentos sociais: Por um novo contrato social" que se realizou a 25 de Maio

Em 9 minutos tentei explicar que não faz qualquer sentido os cidadãos porem-se de fora dos principais debates e escolhas dos partidos, que quem mais perde são os próprios cidadãos e a democracia, que os partidos tem de mudar para se tornarem mais "usáveis" pelos cidadãos (e não algo em que só profissionais da política sabem operar) e por ultimo, deixei uma proposta: prever no código de trabalho 1 a 2 dias de licença por ano, para participação em reuniões e conferencias políticas, sejam de partidos ou outras organizações.

Partilhem e desafiem os vossos amigos a verem. Este é um debate que interessa a todos. Obrigado,



domingo, 19 de maio de 2013

Porque temos de votar e sermos politicamente activos


Esta Quinta Feira, tive o prazer de participar, como cofundador deste movimento, numa conferencia na Biblioteca Gustavo Pinto Lopes, em Torres Novas, para estudantes do 3º ciclo (15 a 17 anos) para lhes falar de cidadania e participação política.
Ao meu lado, DR. Carlos Trincão Marques, um histórico da terra, falamos sobre a importância da participação ativa dos cidadãos na vida política. 

Foi uma sessão muito viva, em que alguns alunos, subiram ao palanque e tornaram-se eles também "oradores".
A fantástica moderação do Luís Filipe Correia Dias fez com que a sessão fosse dinamica e atrativa para os alunos.
Comecei a minha apresentação com o filme "Don't vote" de Spielberg: http://www.youtube.com/watch?v=5cGvqs-jf_w

Naqueles 4 minutos, para além do rol de estrelas, estão todas as razões pelas quais temos de votar e participar ativamente na política, todos! Os miudos perceberam a mensagem muito bem. E os adultos, será que ainda não perceberam?
Um grande obrigado à Helene Duarte Ferreira pelo convite.

domingo, 7 de abril de 2013

Nós perdemos a Republica dependente dos cidadãos. Nós cidadãos, temos de agir para a recuperar

"Nós perdemos a Republica dependente dos cidadãos. Nós cidadãos, temos de agir para a recuperar"

Em Portugal, tal como nos EUA, um número ínfimo de pessoas é que decide quem são os candidatos a deputado e líder da nação, que os cidadãos podem votar (nos EUA são os financiadores, em Portugal os aparelhos partidários). Este é um problema que corrompe a democracia na sua essência: a Republica não depende dos cidadãos.

Para a recuperar, nós cidadãos portugueses, temos deixar de ter medo dos partidos, e de lá dentro recuperar o que é o nosso dever em Democracia: de escolher e votar nos candidatos que queremos ver nas eleições nacionais.

Não percam este talk cheio de profundidade, inteligencia e humor, sobre a "nossa" Democracia.







http://www.ted.com/talks/lawrence_lessig_we_the_people_and_the_republic_we_must_reclaim.html

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Mais de 99% dos portugueses nunca votaram nas eleições para escolha dos candidatos a primeiro-ministro (diretas do PS ou PSD)

Com quase 39 anos de vida em democracia, este facto é muito revelador da fraqueza da nossa sociedade civil, informada e opinativa, mas demasiado passiva e "ausente" das escolhas decisivas para o nosso futuro.


As escolhas que os nossos principais partidos fazem para a sua liderança (e consequentemente, candidato a primeiro-ministro), candidatos a deputado e candidatos a presidentes de câmara, não são um assunto interno de cada um dos partidos, mas sim, uma questão do maior interesse público, pois delas resultam os governantes e representantes de todos nós.


Infelizmente duas tendências condicionaram negativamente o desenvolvimento de uma democracia partidária escrutinadora, rica em alternativas e meritocrática.


Por um lado, a sociedade civil mais esclarecida e informada tem optado por se pôr de fora das grandes escolhas para o país que ocorrem dentro dos principais partidos nas suas eleições internas, preferindo um papel inconsequente (independente), sem qualquer poder de voto ou de formar e apoiar candidaturas alternativas nestes partidos.


Por outro lado, a muito reduzida base de militantes destes partidos, maioritariamente constituída por apoiantes de líderes concelhios (as eleições concelhias são disputadíssimas, com práticas abusivas de inscrição maciça de pseudomilitantes), faz com que nas eleições de carácter naciona,l como por exemplo a eleição do líder do partido, a maioria dos militantes que votam sejam os apoiantes dos líderes concelhios que com a sua influência os instruem de votar no seu candidato preferido.


Consequentemente, para se conquistar o poder no PS ou PSD é preciso “conquistar” os líderes concelhios e distritais com maior base de militantes. Por essa razão, têm tanto valor os “homens fortes do partido” muito bem relacionados com estes líderes como as campanhas de charme permanentes nas concelhias. A escolha do próximo líder do partido, logo, possível primeiro-ministro, está nas suas mãos.


Esta realidade tem de mudar, pois é evidente que tem consequências nefastas para a democracia e para o país, hoje à vista de todos.

Há dois caminhos para esta mudança: 1) A entrada da sociedade civil nos nossos principais partidos, como militantes de pleno direito para votarem e se candidatarem nas suas eleições internas; 2) Abrir as eleições diretas partidárias para escolha da liderança a todos os simpatizantes e eleitores do partido, tal como o fez recentemente o PS francês ou o Partido Democrático italiano.


Este é provavelmente um dos debates mais importantes sobre o que tem de mudar na nossa democracia, e todos temos o dever de tomar posição.


João Nogueira dos Santos e Carlos Macedo e Cunha
Artigo publicado no Público On-line a 15 de Fevereiro 2013

http://www.publico.pt/politica/noticia/mais-de-99-dos-portugueses-nunca-votaram-nas-eleicoes-para-escolha-dos-candidatos-a-primeiroministro-diretas-do-ps-ou-psd-1584624

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mais e melhor democracia interna precisa-se

Revela insuficiente cultura democrática interna nos nossos principais partidos, e do PS neste caso , quando em ano de congresso e eleições diretas no PS se faça tanto apelo a "unidade" e "união", isto é, que não haja mais do que uma moção e  candidato  que os militantes possam debater, comparar e escolher. 


Devia-se fazer apelo a precisamente o contrário: muitas moções alternativas, candidatos e debate esclarecedor.

A vida partidária interna sem alternativas, sem debate dessas alternativas e eleições de único candidato, é uma negação dos valores democráticos. Não há crise, autárquicas ou valores mais elevados, que possam suspender a democracia.

Na gênese deste movimento, está precisamente o insuflar os nossos principais partidos de mais cidadãos-filiados, mais alternativas para os cargos dirigentes, mais debate, mais escrutínio, condição fundamental para qualificar os nossos principais partidos e a nossa democracia.




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Onde está a vontade da geração dos trintas de hoje?

A leitura do livro "Revolução e o Nascimento do PSD" de Marcelo Rebelo de Sousa, permite-nos  perceber que foi a geração dos trintas (Sá Carneiro e Pinto Balsemão e Magalhães Mota tinha todos 30 e picos) que fundou o PSD. Uma geração desligada do poder anterior, mas desde há muito inconformada com uma ditadura em definhamento. 

O contraste com os nossos dias tem de ser feito. Temos um país e uma democracia em definhamento. Temos uma geração nos trintas e quarentas desligada do poder político instalado, mas desde há muito inconformada com o marcar passo do país.... 

Mas onde está a vontade desta geração em "chegar-se à frente" para promover, apoiar e liderar as mudanças que tanto a nossa democracia precisa, seja dentro dos atuais partidos ou em novos partidos? Sem renovação das bases e protagonistas políticos, não há mudança.

A nossa democracia implementou-se com a vontade e ação de uma geração de cidadãos. Quatro décadas depois, só se aperfeiçoará com a vontade e ação de uma renovada geração de cidadãos. É preciso mais evidencias?