domingo, 13 de março de 2011

Se querem que os políticos defendam as vossas causas, assegurem-se que a sua eleição depende também do vosso voto

Partilho nesta nota, a carta que enviei aos organizadores da manifestão "geração à rasca" e que também publiquei na página oficial da mesma no Facebook: http://on.fb.me/f40fFc 

O vosso protesto é muito relevante e oportuno e o texto do manifesto um excepcional contributo para o debate e para melhoria da nossa democracia (acho que ficará para a história, com um dos melhores manifestos de cidadãos da nossa Democracia).

O meu contributo para este debate.

Vive-se em Portugal uma situação de “apartheid laboral” onde uma parte da população tem os direitos de um estado civilizado, e outra, cada vez maior, não tem direitos básicos, como por exemplo, o de serem trabalhadores com contrato com a empresa para quem trabalham (têm de ser recibos verdes ou outsourcers).

Este “apartheid laboral”, não tem origem nos problemas económicos do nosso país, mas sim, nas múltiplas decisões políticas que determinam o funcionamento das relações laborais.

Mas em democracia, não basta aos cidadãos manifestar e chamar a atenção para mudar as coisas. É fundamental que os cidadãos tenham peso político, isto é, capacidade de eleger e influenciar os decisores políticos sensíveis aos seus problemas. E esta é a nossa grande fraqueza como cidadãos.

Nos EUA, uma organização chamada “Rock the vote. Building political power to the young generation” anda há mais de 20 anos a incentivar os jovens a acompanhar a política e a votarem nas eleições partidárias e nacionais. O argumento é poderoso: “se querem que os políticos defendam as vossas causas, assegurem-se que a sua eleição depende também do vosso voto”. Hoje nos EUA, 18% da população, com um grande peso dos jovens, vota nas eleições internas dos seus principais partidos, quando em Portugal apenas 0,65% …

Notem bem, em Portugal os políticos são escolhidos dentro dos partidos, nas suas eleições internas. E eles defendem o que o partido (maioria dos militantes) pede para defenderem. O grande problema da enorme massa de portugueses “precários”, é que não vota, não influencia, não tem qualquer peso dentro dos partidos, ao contrário de outros grupos de portugueses (como os funcionários públicos). E isso faz toda a diferença!

Como seriam diferentes as prioridades políticas do governo e oposição, se a geração de “precários” tivesse representada nos nossos principais partidos, na mesma proporção que tem na população activa. A responsabilidade por mudar este estado da coisas, passa exclusivamente por uma mudança de atitude deste enorme numero de cidadãos face à política e participação nos partidos

Que esta manifestação, seja também uma oportunidade de reflexão sobre este tema.

Deixo-vos dois vídeos sobre este tema:
Campanha Rock the vote: http://bit.ly/csOAcY
Apresentação que realizei noTEDx sobre este tema: http://bit.ly/d2tj52

João Nogueira dos Santos
Fundador do movimento "Adere, vota e intervém num partido. Cidadania para a mudança"
http://bit.ly/f8sP5D

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