Finalmente entrou na agenda política, a forma como os partidos elegem os seus candidatos, sejam a primeiro ministro, deputados ou presidentes de câmara.
As propostas apresentadas por Francisco Assis e a António José Seguro nas suas moções de candidatura a secretário geral do PS, abrem espaço para uma “revolução” no funcionamento do partido, com o alargamento aos militantes e até cidadãos (proposta de Francisco Assis) a capacidade de escolha dos candidatos do partido (a deputados, a presidentes de câmara, líder do partido e candidato a primeiro ministro) através de eleições primárias, replicando o modelo de eleição norte americano.
No entanto, estas propostas encerram um enorme risco: se os cidadãos continuam a demitir-se de filiarem-se ou registarem-se para participar nestas eleições, o PS continuará a não ter massa critica suficiente de votantes nas suas eleições internas, o que faz com que as eleições dos candidatos, fiquem à mercé de “esquemas” de “registo massivo” de cidadãos pagamento de quotas, compra de votos etc... que hoje demasiadas vezes dominam as eleições para os cargos de direcção partidária.
Tal significaria que, a um candidato menos escrupuloso, bastaria registar ou filiar algumas centenas de cidadãos no partido para votar nele nas primárias, para por exemplo, ser o candidato a uma Câmara ou a Deputado. Uma total deturpação dos pricipios da democracia: neste modelo, ganha quem mais aldabrice faz.
“Quero criar um sistema que enfraqueça ao máximo os sindicatos de voto, que são uma doença em todos os partidos” Francisco Assis
Estas propostas vão no sentido certo, mas a prioridade do PS, e de qualquer partido que queira verdadeiramente abrir-se à sociedade e aprofundar a sua democracia interna, deverá ser aumentar drasticamente o número de cidadãos com vida de profissão fora da política a participar nas eleições internas do partido, como filiados ou registados, para que sejam a imensa maioria de eleitores dentro dos partidos, não os sidicatos de votos.
A democracia partidária só funciona bem quando houver uma massa critica de cidadãos esclarecidos e informados, maioritariamente com vida e profissão fora da política, que vote nas eleições partidárias, de acordo com a sua consciência em quem considera o melhor dirigente, o melhor candidato, o melhor líder.
A “revolução” democrática dos partidos e a sua abertura sociedade, passa também pela mudança de atitude dos cidadãos e o darem um passo em frente para uma participação esclarecida nas eleições partidárias do partido em que normalmente votam, do que qualquer mudança de estatutos dos partidos. Essa mudança de atitude, deve partir muito mais de uma consciencialização da responsabilidade dos cidadãos, do que, em acções de marketing dos partidos.
Em Democracia, a responsabilidade pela qualidade dos partidos e dos seus políticos, é dos cidadãos. Os partidos precisam dos cidadãos, e devem faciliar e convidar à sua participação.
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