Lisboa 8 de setembro de 2015
Carta aberta aos Diretores de Informação da RTP, SIC e TVI:
Debates alargados com os pequenos partidos são indispensáveis e realizáveis.
Os debates alargados entre candidaturas a uma eleição transmitidos em prime time de canais de televisão de sinal aberto são de longe o melhor modelo para dar a conhecer ao eleitorado as suas propostas e protagonistas. Não só estes canais chegam a grandes audiências como também num só momento televisivo os eleitores podem ficar a conhecer e comparar propostas, protagonistas e ainda assistir ao contraditório entre estes.
Nem as entrevistas individuais, nem os debates “mano a mano” e muito menos as reportagens dos eventos de campanha permitem expor com equivalente eficácia, atratividade para o público e eficiência de tempo, as propostas e diferenças entre candidaturas.
Não por acaso nos EUA as primárias do partido republicano que agora decorrem, o primeiro debate televisivo teve participação dos 10 candidatos com mais intenções de votos em sondagens. Durou 1h48m, foi um êxito de audiências e jornalístico.
Assim, tal como as Direções de Informação da RTP, SIC e TVI, todos os portugueses interessados nestas eleições lamentam que as candidaturas dos principais partidos não tenham chegado a acordo e reunido condições para a realização de um debate alargado entre elas. É triste mas não há nada mais a fazer quanto a este debate em particular.
No entanto, não podemos esquecer que mais de 45% dos portugueses não vota nestes partidos: abstém-se, votam nulo/branco ou votam em partidos que não chegam a eleger deputados. Para além disso, vamos ter nestas legislativas de 4 de outubro pelo menos 15 partidos e coligações (vários dos quais novos) que vão lutar por este eleitorado que não se revê nos partidos tradicionais.
Estes são dados que têm de merecer atenção por parte das Direções de Informação da RTP, SIC e TVI, no sentido de procurarem encontrar um modelo informativo eficaz para dar a conhecer as propostas e protagonistas destas candidaturas a todo um eleitorado que não se revê nos partidos com representação parlamentar.
E qual será o melhor modelo para esse fim? O formato informativo mais eficaz é sem dúvida o debate alargado com várias candidaturas ao mesmo tempo com uma duração de 60 a 90 minutos, pois permite num único momento televisivo dar a conhecer de uma forma muito razoável as principais propostas destas candidaturas, o que pensam sobre os temas chave para o futuro do país, o que os distingue e quem são os seus protagonistas.
Dois debates com sete ou oito candidaturas neste formato (para incluir todos os partidos e coligações concorrentes) seriam perfeitamente compatíveis com horário prime time e teriam seguramente audiências significativas.
Proporcionar estes debates será um excecional serviço que as Direções de Informação da RTP, SIC e TVI prestarão aos portugueses e à nossa democracia, um grande momento televisivo e uma demonstração inequívoca da sua independência face aos interesses dos partidos “tradicionais”.
Estamos convictos que todos os portugueses que desejam rever-se na nossa democracia, subscreverão esta carta aberta.
João Nogueira Santos e Carlos Macedo e Cunha
(fundadores do movimento Adere, Vota e Intervém Dentro de um Partido)